Veto a celular aumenta a atenção de 80% dos alunos nas aulas


A tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas, e também nas salas de aula. No entanto, a recente proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras traz novos desafios e oportunidades. Um estudo realizado pela Frente Parlamentar Mista da Educação e pela plataforma Equidade.info, ligada à Stanford Graduate School of Education, revelou que essa restrição impactou de maneira significativa a concentração dos alunos. Com mais de 80% dos estudantes relatando uma melhoria na atenção durante as aulas, é essencial entender as nuances por trás dessa estatística impressionante e avaliar suas implicações na educação.

Veto a celular aumenta atenção de 80% dos alunos nas aulas

O veto ao uso de celulares tem mostrado resultados positivos nas escolas, especialmente entre os alunos do Ensino Fundamental I. Dados indicam que 88% dos estudantes nesta faixa etária sentem-se mais concentrados nas aulas desde a implementação da restrição. No Ensino Médio, a percepção de melhora na atenção, embora menor, ainda é notável, com 70% dos alunos reportando uma experiência de aprendizado mais focada. Essas estatísticas são um indicativo forte de como o ambiente escolar pode ser afetado por mudanças aparentemente simples, mas cruciais.

Como sabemos, a presença de dispositivos móveis em ambientes de aprendizado pode gerar distrações significativas. Com a facilidade de acesso a redes sociais, jogos e aplicativos de mensagens, as aulas frequentemente se tornam um segundo plano na mente dos alunos. O que este estudo sinaliza é que a educação tradicional ainda pode ser reforçada por práticas que ajudem a manter os alunos engajados sem a interferência constante dos celulares.


Tédio crescente

Entretanto, a implementação dessa medida não veio sem desafios. A mesma pesquisa revelou que 44% dos alunos se sentem mais entediados durante os intervalos e recreios. Isso é especialmente verdadeiro para os estudantes do Ensino Fundamental I, onde 47% relatam um aumento no tédio. O tédio, por sua vez, não é um sentimento a ser negligenciado, já que pode levar a um comportamento indesejado ou à desmotivação em sala de aula.

Além disso, 49% dos professores entrevistados relataram um aumento na ansiedade entre os alunos que antes utilizavam seus celulares para se distrair. Esse dado é preocupante, pois sugere que a mudança, embora benéfica para a atenção acadêmica, pode ter um custo emocional significativo. Em um mundo onde as interações sociais muitas vezes ocorrem através de telas, a ausência do celular em momentos de convivência pode gerar estranhamento e desconforto.

A questão se torna ainda mais interessante quando discutimos a dimensão regional desse fenômeno. No Nordeste, surpreendentes 87% dos alunos demonstraram melhorias na concentração, enquanto os índices nas regiões Centro-Oeste e Sudeste ficaram em 82%. Isso nos leva a considerar como fatores culturais e sociais podem interferir na percepção e no impacto das diretrizes escolares.

Impacto no bullying eletrônico

Outro aspecto importante abordado pela pesquisa é a queda no bullying virtual. Com 77% dos gestores e 65% dos professores notando uma diminuição nas práticas de bullying nas escolas, surge a oportunidade de refletir sobre como um ambiente menos “conectado” pode promover relações mais saudáveis entre os estudantes. No entanto, apenas 41% dos alunos reconheceram essa mudança, o que sugere que muitos conflitos ainda estão sendo desconsiderados ou não reportados.

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A presidente do Equidade.info, Claudia Costin, enfatiza que embora a percepção sobre o bullying tenha melhorado, é crucial que as escolas continuem ouvindo as vozes dos alunos para entender as realidades sociais complexas em que estão inseridos. Escutar os alunos é um passo essencial para garantir que suas experiências – tanto boas quanto ruins – sejam levadas em consideração na formulação de políticas educacionais.

Estratégias para o futuro

A pesquisa conclui que o desafio agora é desenvolver práticas pedagógicas que mantenham os alunos engajados e abordem suas necessidades emocionais, mesmo sem a presença de celulares. O coordenador do Equidade.info, Guilherme Lichand, destaca que é fundamental encontrar formas de manter os alunos conectados com o conteúdo das aulas, criando um ambiente produtivo e menos suscetível às distrações que os dispositivos móveis oferecem.

Criar um ambiente escolar que equilibre o foco acadêmico com o bem-estar emocional do aluno é uma tarefa desafiadora. Algumas sugestões incluem atividades que promovam a interação social, como trabalhos em grupo e debates. Além disso, incentivar a aprendizagem criativa por meio de projetos pode ajudar a capturar o interesse dos estudantes. O próximo passo é assegurar que as diretrizes que proíbem o uso de celulares sejam eficazes em todas as escolas, respeitando, claro, as singularidades de cada contexto.

Vale lembrar que essa legislação foi sancionada apenas recentemente, em janeiro de 2025, e ouvir os alunos sobre suas experiências e desafios é fundamental para garantir a eficácia dessas novas regras e pra promover um ambiente de aprendizado mais saudável e efetivo.

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Perguntas frequentes

Por que a proibição do uso de celulares nas aulas é considerada positiva?

A proibição do uso de celulares pode ajudar a reduzir distrações, permitindo que os alunos se concentrem mais no conteúdo que está sendo apresentado.

Como a proibição de celulares impacta as relações sociais dos alunos?

Os alunos podem enfrentar um aumento do tédio e da ansiedade, já que muitos utilizavam os celulares como uma forma de interação social, especialmente durante os intervalos.

O que pode ser feito para manter os alunos engajados sem os celulares?

Implementar atividades interativas, trabalhos em grupo e projetos criativos pode manter os alunos envolvidos e interessados nas aulas.

Como a proibição de celulares afeta o bullying entre os alunos?

A redução do uso de celulares pode contribuir para a diminuição do bullying virtual, embora nem todos os casos sejam relatados ou reconhecidos pelos próprios alunos.

As escolas brasileiras estão adaptadas para aplicar essa nova lei?

A adaptação à nova legislação varia de escola para escola, e ouvir os alunos sobre suas experiências deve ser uma prioridade para garantir que as medidas sejam eficazes.

Quais são os desafios que as escolas ainda enfrentam com a proibição de celulares?

Além do tédio e da ansiedade, as escolas precisam lidar com a resistência dos alunos e a necessidade de criar um ambiente ainda mais acolhedor e estimulante.

Conclusão

A proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras revela-se um passo significativo para melhorar a concentração dos alunos. Contudo, o desafio que se impõe agora é desenvolver um ambiente de aprendizado que mantenha os alunos motivados, focados e emocionalmente bem ajustados. Com políticas educacionais informadas e uma comunicação aberta entre professores e alunos, é possível transformar essa mudança em uma prática duradoura que beneficiará as futuras gerações. É um momento de reflexão, aprendizado e, sobretudo, uma oportunidade de transformação.